domingo, 29 de maio de 2016

QUARENTA ANOS DEPOIS

Quarenta anos depois
O regresso
As quarenta e oito horas mais longas, precederam a manhã em que um voo de cerca de oito horas me levaria ao concretizar do “sonho”.
A ansiedade aumentava a cada minuto contado após a descolagem no Aeroporto Sá Carneiro no Porto.
Recostada no assento e embalada no som dos motores do avião, só as nuvens me iam dizendo que o meu tempo já era tão meu, e do tamanho do sonho que nunca abandonei: Regressar à terra que me viu crescer, Luanda.
Era jovem, sonhadora, teimosa, rebelde e irreverente, quando um dia me disseram que tinha que partir, que esta terra não podia ser mais o meu “ninho”.
Irreverente sim. Teimosa a ponto de nunca ter desistido de regressar, e de passados quarenta anos, já a caminho de ter neve nos cabelos…Voltar.
Fechei os olhos, e deixei que mil borboletas me invadissem a barriga. Aquela bendita voz, anunciava que dentro de uma hora aterraria no aeroporto de Luanda.
Endireitei o assento, coloquei o cinto de segurança…Era chegado o “momento”.
Colei o nariz ao pequeno vidro que me separava do céu, e logo o que me pareceu uma miragem, de repente era uma certeza absoluta: Luanda, estava ali, a meus pés.
Quase me saltou o coração quando vislumbrei a “iIha”, a baía e pequenos barquinhos navegando em direção ao porto.
 Um sobressalto de pneus que rasgavam o solo ao som de reatores em retrocesso.
E a terra…A Terra vermelha ali estava. A tal terra que me levou aos tempos de menina.
A tal terra que soltava aromas mágicos quando a chuva bebia, e a emprenhava enquanto lhe matava a sede.
Foram lágrimas que lavaram o sorriso, foram sensações indescritíveis. Foram momentos que só quem ama muito sabe como é “matar a saudade”.
Já em “terra firme”, bebi os cheiros, senti o mesmo calor. Aquele que sempre recordei durante quarenta anos.
Embebedei os olhos sorvendo cada pedaço de estrada, mesmo cada buraco traiçoeiro.
E viajei.
Viajei aos tempos de menina e moça, à escola da Cuca, ao Liceu Feminino, aos passeios pela marginal, à praia da Ilha, à rebeldia dos meus dezasseis anos.

E cá estou eu. Percorrendo as ruas da cidade que nunca deixei de ter como “minha”, mesmo tendo já passado mais tempo lá do que cá. Mas que nunca minha foi

Mesmo sentindo as diferenças, Luanda será sempre Luanda…A Eterna.







domingo, 23 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

De mil auroras cobertaVestida de nuvem onde em sonhos vagueio Bailando em madrugadas de estrelasTe encontreiEm teus braços adormeci No sonho branco de ti.DesperteiDespi-me do sonho… Vesti-me de de luaParti!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

NÃO SOU

Não sou a que no mundo se perdeu...
sou a que talvez ande sem norte.
Não me queixo da vida , nem da sorte.
Tão pouco do que não aconteceu.
Nem serei perdida, mas encontrada.
Serei mar , rio , tempestade..
Serei a tua voz..muda e crua.
Serei decerto, a outra fase da lua.
Serei o que escolheres que eu seja,
amiga, confidente ou a verdade,
que procuras na imagem que sentes tua.
Serei o livro que não leste,
Aguarela numa tela, uma saudade..
Poderei ser ..o poema que não escreveste.
Nina in (silencio eterno)